sábado, 9 de novembro de 2013

OUTROS CONTOS

«O Fogo de Santelmo e a Tromba Marítima», por Luís Vaz de Camões.

A obra épica de Os Lusíadas, escrita por Luís de Camões e publicada em 1572, exalta o povo português pela sua força e coragem de vencer grandes obstáculos ao longo da sua História. Nos dez Cantos, o poeta narra várias proezas, destacando a viagem marítima à Índia por Vasco da Gama realizada no final do século XV.

Vasco da Gama conta ao Rei de Melinde os fenómenos da natureza que os navegadores viram durante a viagem. A descrição no Canto V  - estâncias 18-19-20 - mostra como os segredos da natureza eram vividos de uma forma intensa pelos navegadores. Pela primeira vez, sabiam que não estavam a imaginar aquilo que realmente viam.
Fonte: cvc.instituto-camoes.pt/
Luís Vaz de Camões
Poeta Português

19 - «O FOGO DE SANTELMO E A TROMBA MARÍTIMA» 

Canto V dos Lusíadas (estâncias 18, 19 e 20)

(...)
18 «Vi, claramente visto, o lume vivo
Que a marítima gente tem por santo,
Em tempo de tormenta e vento esquivo,
De tempestade escura e triste pranto.
Não menos foi a todos excessivo
Milagre, e cousa, certo, de alto espanto,
Ver as nuvens, do mar com largo cano,
Sorver as altas águas do Oceano.

19 «Eu o vi certamente (e não presumo
Que a vista me enganava): levantar-se
No ar um vaporzinho e sutil fumo
E, do vento trazido, rodear-se;
De aqui levado um cano ao Pólo sumo
Se via, tão delgado, que enxergar-se
Dos olhos facilmente não podia;
Da matéria das nuvens parecia.

20 «Ia-se pouco e pouco acrecentando
E mais que um largo masto se engrossava;
Aqui se estreita, aqui se alarga, quando
Os golpes grandes de água em si chupava;
Estava-se co as ondas ondeando;
Em cima dele ũa nuvem se espessava,
Fazendo-se maior, mais carregada,
Co cargo grande d' água em si tomada.
(...)

Luís Vaz de Camões

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